domingo, 20 de outubro de 2013

"Gravidade" e a decisão de voltar

Ontem assisti ao filme Gravidade (Dir. Alfonso Cuáron). Gostei muito. É um filme tenso e a todo instante remete a situações de possível pânico, pois o medo de estar sozinho e a impotência estão sempre presentes. O mesmo cenário (o espaço e o silêncio) que pode se transformar em paz e reencontro consigo mesmo, também pode significar o terror de sentir-se absolutamente sozinho. Tudo vai depender de como estamos em relação a nós mesmos. 
 
Matt, que vagou até a morte, simplesmente passou a ouvir sua música country e a admirar a beleza da visão que tinha da terra. Mas Ryan parecia desmanchar-se em seu pavor. Havia algo inconcluso ali. A morte de sua filha a havia colocado em um estado de suspensão onde a vida passava sem deixar absolutamente nada. Só em determinado momento percebeu que tinha que lutar pela sua sobrevivência.
 
A única metáfora que desenvolvi para este filme é essa:
 
Decidir voltar a viver é ter que seguir em frente, sem segurança, correndo riscos, mesmo o risco de ser machucado. Decidir voltar a viver é, de alguma forma, ter de reaprender a andar, sair daquele estado de suspensão, flutuação, onde a ausência de gravidade mal nos permite sentir o corpo, o chão, nem mesmo o que é real. Decidir voltar é decidir viver, com todos os seus riscos, mas viver. E isso pode ser uma experiência incrível!
 
Um belo filme, que nos mostra que não precisamos estar no espaço para nos sentirmos em um estado de suspensão da vida, cuja única finalidade é nos afastar do medo que sentimos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário