segunda-feira, 25 de novembro de 2013

"O preço do amanhã" e quem quer viver para sempre?

O filme "O Preço do Amanhã" é daquelas produções que trazem um bom tema para discussão, mas que não contribuem em nada com a própria discussão. Algo bem hollywoodiano. Sustentado no avanço tecnológico lança temas "humanos" para discussão e se perde pelo meio do caminho. Mas, como um passatempo não diria que é um filme ruim. Destaco seu tema central: a "monetarização do tempo".

De alguma forma, crescemos ouvindo dizer que "tempo é dinheiro" e este filme leva este clichê às últimas consequências. Ou seja, chegou o momento em que o "tempo" (segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas) é, de fato, a moeda que regula a todas as relações. Se você tem "tempo acumulado" em sua maquininha tem, não só dinheiro, mas tem tempo para viver mais. Se não tem, paciência, vai morrer mesmo assim que esgotarem-se seus segundos guardados. Surge, então, a grande metáfora: se fala de uma época em que o "tempo" representa o que o "capital" faz hoje ao produzir injustiças, concentrações de renda etc. Então, nada mais previsível que surgir um comportamento "Robin-Hoodiano" de tirar dos ricos para dar aos pobres.

Deixando de lado este clichê que comove a poucos, o fato é vivemos mesmo em uma época em que o desejo por ser eterno é o que move muitas pessoas. Morrer (ou, de outra forma... envelhecer) parece adquirir o significado do "fracasso" e disso todos parecem querer fugir. Não se consegue mais lidar com o futuro (muito menos com o passado), só com o presente, um eterno presente. Mas isso "cansa" e, embora o corpo esteja bem, a "mente cansa" e chega a hora em que você quer "descansar". Nossa maior maravilha talvez seja nossa capacidade psíquica, que nos faz pensar, ter emoções, sentir, enfim...viver! Mas é justamente essa capacidade psíquica que um dia nos leva a desejar o descanso, pois ela também pode nos... cansar. Talvez para alguns não! O fato é que parece que não evoluímos para sermos eternos... mas para sermos melhores! Só isso. Alguém aguentaria ser eterno?

Pode parecer uma pergunta ridícula. Mas, se o cansaço bater, ela fará sentido.

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